segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Quem tem medo do lobo mau.

por Luís Gamboa Segunda-feira, 31 de Agosto de 2009

Hoje o meu filho acordou-me a dizer “pai despacha-te, já é muito tarde tens que me levar à escola”, como o miúdo me irritou, primeiro eu estava a dormir àquela hora, depois estava atrasado. Disse-lhe logo: "quem és tu fedelho para me pressionares?" Ao dizer isto fez-se-me luz... será que é esta a pressão que li e ouvi em todos os jornais, revistas e canais de televisão? Aquela que o primeiro-ministro ou o amigo, ou o primo, ou o tio ou todos juntos fazem, ou será que, como o meu filho, ele apenas reclama que uma justiça adormecida e lenta, acorde.

Esta dita pressão, que se ouve por todo o lado, sobre as diversas áreas do estado e do sector privado, será que existe? Se existe é bom que não demore a aparecerem provas, pois senão mais tarde ou mais cedo, poderá ser confundida com uma fabula, essa que eu conto ao meu filho, com o capuchinho vermelho e o lobo mau. E quem não tem medo do lobo mau.

Eu conheço a pressão que existe para que se vendam noticias, - e como as polémicas vendem. Vendem-se jornais, aumentam-se audiências, e com isto, cresce a publicidade, mais dinheiro para os grupos de media e, finalmente, melhores condições para quem escreve.
Quem é de facto corrupto? Quem exerce de facto pressão? Quem controla este conto do lobo mau? Qual o peso do capuchinho vermelho e dos seus sindicatos? E a avozinha no meio disto tudo, será que continua deitada, com o cabelo de laca, à espera do desenrolar da história.

É estranho que se castigue, de uma forma quase selvagem, o agora primeiro-ministro por rumores de que ele fez um atalho pelo antigo bosque de Alcochete quando deveria estar na cama e quieto a fingir de avozinha. Se de facto existem pressões, para que nada se saiba como é possível que tudo venha a público? Ou Governo é fraco e não as sabe fazer, ou ainda - teoria da conspiração -, existe alguém realmente profissional nesta matéria. Será que a avozinha se mexe bem debaixo dos lençóis? E o que esconderá o capuchinho debaixo da sua capa vermelha?
Quando alguém (e são muitos), director, editor, jornalista, até mesmo um estagiário de jornal, como eu já vi, vêm à televisão dizer que não existe liberdade de imprensa, ou são pouco sérios ou então não é necessário que o que dizem faça sentido. Existe maior liberdade do que dizer que “não existe liberdade na imprensa”. Maior liberdade do que dizer que não se pode falar mal do Governo’. Isto não faz sentido! Quando tudo é permitido, até dizer que nada é permitido. Falamos sobre o que acontece, sobre o que gostávamos que acontecesse ou mentimos acerca daquilo que poderia acontecer se acontecesse.

E Andamos nós neste Portugal de fábulas, onde já tivemos "O patinho feio", que agora é o cisne para Lisboa, o "Soldadinho de chumbo" e os seus submarinos que foi comido por um peixe qualquer e agora navega num táxi de papel e um "Pinóquio" já com experiência de fazer de Lobo Mau!
Temos que acreditar que seremos felizes! Sim porque estamos perto do fim, e o fim é sempre feliz nas histórias.

Adeus, tenho que ir e depressa para que o meu filho não chegue atrasado à escola. Pode ser que a justiça também chegue a horas e cumpra o seu papel de isenção, de imparcialidade e tenha discernimento para avaliar as provas apresentadas e exerça o seu poder de decisão.



LG

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Vai uma corridinha
Acordei num daqueles dias em que o mundo nos parece a maravilha das maravilhas, onde tudo é belo, naqueles que durante a noite nos colocam lentes de contacto que só deixam entrar coisas boas e somos capazes de resolver todos os problemas do mundo. Saí de casa para ler os jornais e as revistas do dia, estava uma manhã soalheira. Queria encontrar um local agradável e descobri uma esplanada calma, rodeada de um verde de relva regada recentemente e onde o cheiro de terra fresca se misturava com o do café da manhã, onde tudo combinava com os meus novos olhos. A leitura começa, na capa de um dos jornais, o Engenheiro José Sócrates de braços abertos, como se corresse para a meta, que imagem, o título dizia … Sócrates … Free… . Sócrates Free ? Esfrego os olhos e devo ter deslocado as tais lentes maravilhosas. O titulo era agora “Sócrates o principal suspeito no caso FreePort” e a imagem já me mostrava um Sócrates de braços no ar como um condenado que andava em passo rápido. Onde estava eu com a cabeça, o Engenheiro já não corre. Que saudades do jogging? Onde está o jogging? Só se fala no
Jobbing. Dantes onde quer que fosse, lá estava o par de calções e ténis na mala,

sempre pronto fazer com que jornalistas andassem por ali esbaforidos atrás dele,

agora nada, nem uma marcha, nada. Tenho uma teoria sobre os problemas de José

Sócrates, desde que deixou de correr que a sua vida ficou recheada de confusões

e polémicas com tanta coisa e tanta gente: a sua carreira académica, o Alegre, o

fumar nos aviões, o Alegre, o Freeport, o Alegre, e isto sem esquecer o Alegre,

o Vara, o Seguro, o Lello, o Constâncio, a Gomes, o Gama, neste último caso é

melhor colocar mais um nome não vá gerar confusão junto dos árbitros de futebol,
Jaime Gama.
O homem está mesmo cheio de problemas, sorte a dele que me apanhou no dia certo,
vou ajuda-lo. Este engenheiro não é como o outro, não é homem de ficar atolado no pântano a fazer contas de cabeça, eu acredito que ele consegue, vou
montar-lhe uma estratégia vencedora.
Sinto de tal maneira a falta de o ver em traje de desporto, e não sou só eu,
pois professores, agricultores, médicos, policias, juízes, em resumo, o país
inteiro anda em marchas na rua para incentiva-lo que ele marche dali para fora.
Estamos portanto todos juntos nisto. Para vencer as eleições legislativas com
maioria absoluta a próxima corridinha tem que ter a maior audiência de sempre,
ele tem que estar disposto a tudo, essa vai ser a corrida da vida dele, mas que
é difícil é.
Então vamos lá à estratégia: vamos seguir o exemplo de Luca Toni, avançado do
Bayern de Munique que prometeu que se ganhasse a Liga dos Campeões, correria nu
em Marienplatz [a praça central de Munique], assim promete-se, nesta minha
visão, descer a Av. Liberdade apenas com sapatilhas nos pés, a troco da maioria
absoluta, com isto temos resultado garantido. Se algo corresse mal nas urnas,
“pequenas coisas” poderiam afectar o esquema, com este plano existe sempre a
possibilidade de estabelecer algum acordo parlamentar pós eleitoral, talvez
Paulo Portas gostasse... da ideia, o Bloco e os Verdes apoiariam certamente esta
acção de liberdade individual, Alberto João Jardim já tinha ensaiado o mesmo na
Madeira, logo ficaria solidário, a única dúvida estaria na resistência da laca
de Manuela Ferreira Leite, e quantos cabelos ficariam em pé. Junto dos
movimentos de acção sindical, caso a descida ocorra a uma sexta-feira, seria de
certeza um dia de greve geral comemorativa, um novo conceito, mas um factor de
união entre os trabalhadores e o governo nesta marcha que seria assim conjunta.
Tudo está bem quando acaba bem, mais um problema resolvido, está garantida a
governabilidade socialista para a próxima legislatura.
Esfrego os olhos mais uma vez, acho que as lentes voltaram ao sítio certo, o
verde continua no horizonte, e aquele bom cheiro a terra, a esta nossa terra que
cheira bem, cheira a Portugal.